sábado, 3 de abril de 2010

PR: Justiça proíbe uso de “pulseiras do sexo”

O juiz da Vara de Infância e Juventude de Londrina (PR), Ademir Richter, baixou ontem (31) uma portaria que proíbe a venda e o uso das ''pulseiras do sexo'' por crianças e adolescentes com menos de 18 anos na cidade. Se forem pegos usando o acessório, meninos e meninas poderão ser encaminhados à Vara da Infância e da Juventude. De acordo com a portaria, o juiz recomenda que os pais ou responsáveis não adquiram e nem permitam que os filhos também o façam. As penalidades podem ir desde uma advertência até destituição do poder familiar. Ele recomenda ainda que diretores de escolas devem esclarecer os alunos sobre o uso das pulseiras, bem como os advertir sobre a proibição. No caso dos comerciantes, quem desobedecer a proibição e for flagrado vendendo estará sujeito a perder o alvará do estabelecimento.

Fonte: Folha de Londrina (PR), Folha de S. Paulo (SP), José Maschio – 01/04/2010

O que são as "pulseiras do sexo"?

Pulseiras do sexo viram moda entre jovens
Flávia Martins y Miguel e Aline Mazzo

Uma versão moderna da brincadeira "salada mista" - em que cada fruta corresponde a uma troca de carinho pelos participantes-- começa a ganhar adeptos entre crianças e adolescentes na capital. A moda das pulseiras coloridas de silicone ganhou os braços dos jovens com o tempero de um jogo de código sexuais.

Batizada de "snap", a novidade, popularizada em sites de relacionamento, blogs e microblogs da internet, relaciona as cores de cada pulseira com significados que podem ir de um inocente abraço até uma relação sexual. Basta que alguém arrebente o adorno do braço do outro. Aquele que consegue ganha a carícia referente à cor do enfeite destruído. O amarelo, por exemplo, corresponde a um abraço. Já a cor preta quer dizer sexo.

A ideia do jogo começou a ser difundida por alunos da Inglaterra. Naquele país, as chamadas "shag bands", algo como "pulseiras do sexo", trouxe surpresa para vários pais desavisados sobre o real significados da modinha entre os adolescentes. No Brasil, os pais também começam a se inteirar da nova febre.


O editorial do Jornal O Dia, datado de 02/04, reflete o que realmente deveria preocupar a sociedade:

"Agredidas e Agressores

A decisão do magistrado pode ser defensável. Mas ela não resolve o problema maior, que é o da agressão [...], pois é preciso que fique bem claro queo o crine no caso é a violência sexual e não o uso das pulseiras.

Pode-se discutir que pela pouca idade e experiência de vida as meninas que optam pelo uso das pulseiras não conseguem avaliar seu componente simbólico. E, principalmente, o risco que elas podem provocar [...]. Mas isso não pode servir de argumento para transformar a vítima em culpada e nem de justificativa para os agressores [...]. Que o alvo da justiça e da polícia sejam [...] os maníacos ou todos aqueles aproveitam o argumento das pulseiras para assediar quem as usa [...].

Sem isso, a proibição do uso das pulseiras não terá nenhum resultado, pois, sem elas, os agressores arrumarão outras justificativas, como no passado foram a minissaia, a maquiagem ou o rebolado. E isso não se pode admitir. Cada um tem o direito de usar o que quiser e ninguém tem o de estuprar". 
 

2 comentários:

Profa Ms Claudia Nunes disse...

Só rindo... Grande discussao por escrito... E nada explicado. Pelo jeito, novamente, jovens e criança serão criativos e enganarão a todos com novas performances criativas para realizar seus desejos / curiosidades... Shakespeare escreveu algo com título bem legal para o momento: 'Muito barulho por nada'. Impressionante!!!!!
Bjos Claudia

Anônimo disse...

Não concordo com o Estado interferindo nos direitos subjetivos das pessoas. Transferir para a Justiça uma responsabilidade que é da família e da sociedade é colocar a "poeira para baixo do tapete". Mais ainda, punir os jovens que usam as pulseiras ou os ambulantes que as vendem, beira a hipocrisia.

Também não partilho do entendimento que as "pulseiras do sexo" sejam capazes de levar à agressão sexual. Como mencionou o editorial, isso é desculpa para os maníacos e sociopatas.

O jovem, assim como eu, não vê gravidade no uso das pulseiras. Não tem esta conotação de "provocar o sexo". Isso é retrógado e preconceituoso... É o mesmo que dizer: "está de blusa transparente, top, saia curta ou calça justa, quer ser assediada." Parece que voltamos a 40 anos atrás, se não fosse o recente, e grave, caso da UNIBAN.

Dialogar é a única solução! Assim como fazemos com as drogas, a pixação, a agressão entre colegas, a violência urbana, entre tantas questões - muitas proibidas e outras que deveriam ser - que os jovens experimentam ao longo da vida.

Abraços, Silvia