quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Cultura

O girino é o peixinho do sapo.
O silêncio é o começo do papo.
O bigode é a antena do gato.
O cavalo é o pasto do carrapato.
O cabrito é o cordeiro da cabra.
O pescoço é a barriga da cobra.
O leitão é um porquinho mais novo.
A galinha é um pouquinho do ovo.
O desejo é o começo do corpo.
Engordar é tarefa do porco.
A cegonha é a girafa do ganso.
O cachorro é um lobo mais manso.
O escuro é a metade da zebra.
As raízes são as veias da seiva.
O camelo é um cavalo sem sede.
Tartaruga por dentro é parede.
O potrinho é o bezerro da égua.
A batalha é o começo da trégua.
Papagaio é um dragão miniatura.
Bactéria num meio é cultura.

(Arnaldo Antunes in "Nome" São Paulo.BMG Ariola Discos,1993)


Arnaldo Antunes é um dos poucos poetas da atualidade.
A crítica literária tende a ligar sua poesia ao concretismo
Mas, na contemporaneidade, a poesia não é ditada por
nenhuma regra ou escola literária.
Liberdade... é o comando!!!

S.B.