sexta-feira, 12 de setembro de 2008

"Vocação é diferente de talento. Pode-se ter vocação e não ter talento, isto é, pode-se ser chamado e não saber como ir."

Clarice Lispector

Este que vês, engaño colorido - Este que vês, engano colorido

Este que vês, engaño colorido,
que del arte ostentando los primores,
Com falsos silogismos de coloreses
cauteloso engaño del sentido;


éste en quien la lisonja ha pretendido
excusar de los años los horrores,
y venciendo del o tiempo los rigores
Triunfar de la vejez y del olvido;

Es un vano artifício del cuidado;
es una flor al viento delicada,
es un resguardo inútil para el hado:

es una néscia diligencia errada;
es un afán caduco y, bien mirado,
es cadáver, es polvo, es sombra, es nada.



Este que vês, engano colorido,
que da arte ostentando os primores,
com falsos silogismos de cores
é cauteloso engano dos sentidos;

este em quem a lisonja tem querido
desculpar dos anos os horrores,
e vencendo do tempo os rigores
triunfar da velhice e do olvido;

é um inútil artifício do cuidado;
é uma flor ao vento delicada,
é uma inútil proteção para o destino:

é uma ilógica diligencia errada;
é um esforço caduco e, olhando bem,
é cadáver, é pó, é sombra, é nada.


Estava devendo um poema da Sóror Juana.
Nossa! Sinceramente, não sei como deixei passar.

Ah! Para não digitar (são três horas da manhã),
procurei na internet um poema (não é fácil),
e encontrei um blog, com a poesia e a tradução.

Vou colocar a fonte, por ética,
mesmo sem autorização,
mas penso ser o correto.

http://luizfelipecoelho.multiply.com/journal/item/575


quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A máscara

Eu sei que há muito pranto na existência,
Dores que ferem corações de pedra,
E onde a vida borbulha e o sangue medra,
Aí existe a mágoa em sua essência.

No delírio, porém, da febre ardente
Da ventura fugaz e transitória
O peito rompe a capa tormentória
Para sorrindo palpitar contente.

Assim a turba inconsciente passa,
Muitos que esgotam do prazer a taça
Sentem no peito a dor indefinida.

E entre a mágoa que masc’ra eterna apouca
A humanidade ri-se e ri-se louca
No carnaval intérmino da vida.

Augusto dos Anjos