domingo, 2 de novembro de 2008

VERBO SER

Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer?
Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser Esquecer.


Carlos Drummond de Andrade


Eu sou?
Você é?
Seremos?
Será?

Eu sou o tempo que passa, a vida que aflige,
as perdas que tive e as mágoas que terei.
Eu sou a dor pulsante, da materialidade iminente,
da crença distante e das verdades inexistentes...
Eu sou o medo da noite "hei de acordar em outro dia"...
Eu sou a náusea do mundo, por, muitas vezes, criar fantasias...
Eu sou um paradoxo, ou, quem sabe, a própria ironia!

3 comentários:

Anônimo disse...

Afffff difícil esse verbinho! uia! saudades de conversar contigo, amanha tentarei escrever um e-mail pra vc do trampo! Beijos

Ana disse...

Que bom que vc respondeu a minha msg, Seja bem vinda ao Jardim, te linkarei lá, pra não perder nada do seu Acaso...

E que ótimo postando Carlos Drummond adoro este poema dele, me traz uma imensa reflexão...
acabo me lembrando daquela frase

"Ser ou não Ser eis a questão"
há muito ensinamento ensima disso!!!

Um grande abraço

e brilho das estrelas no coração!!!

Anônimo disse...

Lindo!!!