segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Coração é terra que ninguém vê

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Sachei, mondei
- nada colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri.

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
nada criei.

Semeador da Parábola...
Lancei a boa sementea gestos largos...
Aves do céu levaram.
Espinhos do chão cobriram.
O resto se perdeu
na terra dura
da ingratidão

Coração é terra que ninguém vê
- diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho,
- teu coração.
Bati na porta de um coração.
Bati. Bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
foi que encontrei...


Cora Coralina

Um comentário:

Rodrigo Neves disse...

Olá Silvia,

Obrigado pela participação lá no meu blog.

Realmente, essa nova mídia eletrônica flexível transforma a maneira como estruturamos e produzimos o conhecimento e, portanto, também nossa cultura.
Os hiperlinks têm efeitos muito mais profundos que se possa imaginar em um primeiro momento. Bom tema.

Um abraço,

Rodrigo