Quem namora agrada a Deus, namorar é a forma bonita de viver um amor. Não namora quem cobra, nem desconfia. Namora quem lê nos olhos e sente no coração as vontades saborosas do outro. Namora quem se embeleza em estado de amor. Namora quem suspira, quem não sabe esperar, mas espera. Namora quem se sacode de taquicardia e timidez diante da paixão.
Namora quem ri por bobagens, quem sente frio e calores nas horas menos recomendáveis. Não namora quem ofende e transforma a relação num inferno, ainda que por amor.
Amor às vezes entorta, sabia?
Namorados que se prezam têm sua música e não temem se derreter quando ela toca. Ou se o namoro acabou, nunca mais dela se esquecem.
Namorados que se prezam gostam de beijo, suspiro, mordem o mesmo pastel, dividem a empada, bebem no mesmo copo. Apreciam ternurinhas que matam de vergonha fora do namoro ou lhes parecem ridículas nos outro. Por falar em beijo, só namora quem beija de mil maneiras e sabe cada pedaço e gostinho da boca amada. Namora quem começa a ver muito mais no mesmo que sempre viu e jamais reparou.
Flores, árvores, a santidade, o perdão, Deus, tudo fica mais fácil para quem de verdade sabe o que é namorar. Por isso só namora quem se descobre dono de um lindo amor.
Namora quem diz: “precisamos muito conversar” e quem é capaz de perder tempo, muito tempo, com a mais útil das inutilidades e pensar no ser amado, degustar cada momento vivido e recordar palavras, fotos e carícias com uma vontade doida e estourar o tempo e embebedar-se de flores astrais. Namora quem fala da infância e da fazenda das férias, quem aguarda com aflição o telefone tocar e dá um salto para atendê-lo antes mesmo do primeiro “trim”.
Namora quem namora, quem à toa chora, quem rememora, quem comemora datas que o outro esqueceu. Namora quem é bom, quem gosta da vida, de nuvem, de rio gelado e parque de diversões. Namora quem sonha, quem teima, quem vive morrendo de amor e quem morre vivendo de tanto amar.
(Texto: Artur da Távola)
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